Pular para o conteúdo principal

Caminhões: esses indispensáveis!

Como tantos já experimentaram, o trânsito na Marginal Tietê só piorou depois de reformada a partir de projeto muito ruim, para dizer o mínimo. A Nova Marginal fez parte de um plano, como sempre emergencial para diminuir o trânsito em São Paulo, tarefa quase impossível. Foram tomadas medidas como a restrição de caminhões grandes no centro expandido; depois, restrição de caminhões na Avenida Bandeirantes; por último, restrição de caminhões em determinados horários na Marginal Tietê.    

Não podemos esquecer que São Paulo foi moldada sobre um modelo rodoviário há mais de 70 anos e por isso dependemos de caminhões para abastecer a cidade em todos os sentidos: verduras frescas, produtos importados, frutos do mar, compras on line etc. Como elas chegam rapidinho a nossas casas? por causa do caminhão. Não há alternativa para isso e não podemos demonizar esse modelo de abastecimento, simplesmente. Faça chuva ou faça sol, eles estão lá; trafegando ou parados no tráfego, eles estão lá. Nos feriados, eles são proibidos de subir ou descer a Serra do Mar para dar lugar aos veículos de passeio. Passam noites parados, perdendo tempo e dinheiro, com pouquíssimo conforto.

Sou filha de um ex-caminhoneiro e tenho o maior orgulho disso! Às vezes viajávamos todos, minha mãe, minha irmã e eu, as duas dormindo na cama que havia atrás do banco do motorista. Na madrugada meu pai tapava o radiador por fora para que o fenemê ficasse quentinho por dentro. 

Apesar dos esforços de todos, prefeitura e habitantes, nada está surtindo efeito, infelizmente. Temos caminhões descarregando e ruído durante a noite toda, caminhões trafegando por vielas e mesmo assim, não se faz o óbvio: restringir a circulação do maior contribuidor do caótico trânsito paulistano: o automóvel! São os automóveis que devem ser restringidos de alguma forma, mas sem penalizar os habitantes e trabalhadores.

Pedem que deixemos o carro em casa, mas não nos dão condições de transporte decente, de escolha. 

Eu não deixo meu carro em casa, me recuso a me espremer dentro de um ônibus, dentro do metrô ou ficar trancada dentro de um trem parado (já me aconteceu, sim!), com mais cinco pessoas dividindo o mesmo metro quadrado que eu. Enquanto eu puder me esquivarei do uso do transporte público. Enquanto houver gasolina, enquanto houver álcool, vou andar de carro. Dou carona, evito os horários de pico (porque posso; pobre de quem não pode). Eu vou de carro, às vezes de táxi, mas tenho dó de quem não pode escolher como eu.
Ah! lembrei de outra coisa: a prefeitura restringiu os ônibus fretados também. Ainda bem que pelo menos, não aprovaram o moto-táxi aqui em São Paulo! Motos, bicicletas e moto-táxi! Só faltariam os táxi-bicicleta, vacas e cavalos e estaríamos em uma Saigon ou Nova Delhi, com muito mais carros.

O que a prefeitura faz, em qualquer gestão, é transferir para o morador da metrópole, o ônus do trânsito caótico e estressante, do desajuste entre demanda e oferta de transporte público. Importamos tanta coisa, importemos pois, super-técnicos que possam resolver os problemas da mobilidade urbana em São Paulo, para nos falar o que qualquer criancinha sabe: precisamos de centenas de quilômetros de metrô. 

Uma solução que não é ideia minha, mas que me foi passada por meu orientador da pós graduação, o urbanista Cândido Malta Campos Filho, é a implantação do pedágio urbano, para arrecadar verba para construir metrô. Agora a minha ideia: pedágio na Marginal Tietê para quem não reside em São Paulo, mas corta caminho por São Paulo, vindos do interior até o litoral e vice-e-versa, ou do Nordeste para o Sul. Ao final, nós paulistanos é que ficamos com a fumaça, o asfalto quebrado, o excesso de veículos. Custa caro ter as melhores estradas do país. Venham a São Paulo, façam compras, estudem, mas paguem pedágio. É justo!                                                               

Obrigada por sua visita! MEPR

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A cidades dos shoppings centers não tem parques

Excelentíssimo senhor prefeito do Município de São Paulo, Nós, cidadãos desta metrópole, pedimos encarecidamente que se construam parques na cidade de São Paulo. Temos índices baixíssimos de área verde por habitante; temos enchentes demais e agora, temperaturas mais altas que nossa lembrança pode alcançar.  Exceto em algumas "áreas nobres", temos poucas árvores ao longo de nossas avenidas que nos proporcionem sombreamento ao caminhar.  Ora por favor, não precisamos de mais shoppings, homogeneizados em seu conteúdo, sempre   com as mesmas lojas, maçantes, onde uma vez dentro não se tem notícia do que ocorre lá fora, se chove ou faz sol. Sessenta e três shoppings já é uma quantidade suficiente para o pouco dinheiro que temos para gastar.  Queremos mais parques, grandes ou pequenos, distribuídos pela mancha urbana onde for possível, para que os já existentes não se pareçam com shoppings, de tão lotados aos fins de semana. Queremos que o "ir ao parque" n...

O Templo de Angkor e o Monumento às Bandeiras

   Cada vez que me deparo com alguma reportagem jornalística sobre o Templo de Angkor, no Camboja, tenho a certeza de que não posso morrer sem tê-lo visitado, o mesmo sentimento em relação ao palácio Taj Mahal, na Índia .   Além da arquitetura das construções em pedra, o templo esta cercado por vegetação nativa, recoberto por plantas de crescimento livre, sem tratamentos paisagísticos que tornariam um pouco artificial esse patrimônio mundial de arquitetura e mística.    Mas, o mais admirável é a situação peculiar em que se encontra o templo em relação à importância turística, sem lojinhas oficiais em seu entorno vendendo comidas ou suvenires, que tornariam artificial um ícone da espiritualidade em sua forma arquitetônica e considerado a oitava maravilha do mundo.   Além da vegetação, o templo esta habitado por inúmeros babuínos, primatas que são inimigos naturais do homem. Inimigos do homem e protetores do Templo de Angkor.    Como cont...
O ser cidadão Ser cidadão se parece mais com ter direitos que ter obrigações. Longe disso, ser cidadão é ser civilizado, respeitar o espaço do outro e depois disso, exigir o cumprimento de nossos direitos. Como diziam antigamente, lá no século 20, cumprir com a obrigação primeiro.  Infelizmente, não é o que se vê nas ruas das metrópoles brasileiras neste século, o 21, aquele que seria melhor em todos os sentidos, futurista; sim, temos tecnologia ao alcance de muitos mais do que ocorria no século 20, quando a maioria não tinha telefone fixo em casa e usava nossos vanguardistas orelhões.  Hoje, o brasileiro tem voz, mas perdeu a educação: não cumprimenta o vizinho no elevador porque "não o conhece"; não levanta para um senhor idoso no Metrô porque "já existem assentos reservados" - para quem? para as mocinhas cansadas.  Sim, são elas as donas dos assentos reservados; alguns mocinhos também, mas as mocinhas ganham, pois são também as que mais frequent...