São Paulo é uma cidade cada vez mais difícil de nela se morar. São prédios demais e veículos demais. Adensar é a melhor solução para impedir que o movimento pendular dos habitantes entre suas moradias e seu local de trabalho piore, ou seja, mais pessoas levem muitas horas para ir e vir repetido a cada dia. O sonho de qualquer um que se desloca nos ônibus municipais deve ser o de morar próximo ao local de trabalho, mas isso hoje é privilégio de poucos.
Adensamento construtivo já tivemos bastante; agora é hora do adensamento populacional, bem diferente. Existe também o que se chama de densidade demográfica horária, que é o adensamento de certas áreas centrais em parte do dia e da noite. Exemplos: com população de 11.895.893 milhões de habitantes (segundo IBGE) e um território de 1.521 km2, a densidade demográfica média de São Paulo é de 7398 hab./km2 ou 73,98 hab/hectare (10.000 m2, que é a área de uma quadra, em média). É portanto uma densidade demográfica baixíssima se considerarmos outros centros urbanos no Brasil e no mundo. Nesses, existem exemplos radicais com pouquíssima gente morando e outros com densidades demográficas insustentáveis. (por exemplo).
Além disso, há de se deixar claro que a densidade média, como digo a meus alunos, é dado que se amassa e se joga fora, é inútil uma vez que, voltando a São Paulo, temos densidade demográfica de até 440 hab./hectare nos bairros mais verticalizados como os Jardins, Moema e Paraíso e, densidade de aproximadamente 50 hab./hectare na periferia (outro dado inútil, já conto porque).
Quando me mudei para Pinheiros, há 27 anos atrás a Vila Madalena era um bairro bem tranquilo, provinciano até. Continha muitos sobrados do início do século 20 e algumas quitandas, bares, padaria. Lojas eram poucas. O bairro tinha também muitos cortiços com moradores de baixa renda que se mudaram para lá atraídos pela construção do cemitério São Paulo. Artesãos, pedreiros, pintores. Os muitos nordestinos contribuem também com a identidade do bairro. Os estoques de terrenos na cidade começaram a minguar e a construção civil buscou novos pontos para lançar seus empreendimentos. A Vila Madalena foi um deles e caiu no gosto dos novos moradores, descolados, hipisters. O charmoso bairro ficou muito bom, completo e o metrô chegou há mais de uma década, com duas estações. Hoje, os moradores estão repensando se a Vila Madalena continua tão bacana ou se as aglomerações humanas e de veículos em torno dos incontáveis bares e restaurantes vale a pena. O sossego da Vila acabou!
Hoje, Pinheiros está saturado!
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